terça-feira, 22 de setembro de 2009

Tortura pode não dar tão certo quanto se pensa...


Você concorda com o uso de técnicas coercitivas, para a extração de informações de reféns? Bem, essas técnicas foram usadas por George W. Bush, enquanto estava no poder dos EUA, e uma pesquisa publicada na revista especializada “Trends in Cognitive Science” concluiu que o estresse contínuo e extremo, sem falar na ansiedade, têm influência destrutiva sobre as funções cerebrais relacionadas à memória. O trabalho foi baseado nas evidências científicas disponíveis e foi liderado por Shane O’Mara, do Instituto de Neurociência do Trinity College, em Dublin (Irlanda).

Memorandos do período Bush liberados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos em abril deste ano, já na gestão Barack Obama, detalhavam que as torturas feitas por eles, seriam métodos mais eficazes do que os convencionais.

Essas afirmações chocantes são baseadas em dois pilares. O primeiro é que os indivíduos são “motivados” a revelar informação verídica para dar fim o quanto antes possível ao interrogatório. O segundo é que estresse extremo, choque e ansiedade não impactam a memória. Se qualquer criança vai concordar que a primeira premissa faz sentido, a segunda, ao contrário, simplesmente não é apoiada por evidência científica nenhuma, aponta O’Mara.

Estudos psicológicos indicam que, em estresse e ansiedade extremas, o preso fica condicionado a associar fala a períodos de segurança. Mas é difícil, senão impossível, determinar durante o interrogatório se o investigado está revelando informações verdadeiras ou apenas falando para escapar da tortura. O estudo mostra ainda que estresse extremo exerce ação destrutiva no lobo frontal e está vinculado à produção de falsas memórias.

Estudos neuroquímicos revelaram que o hipocampo e o córtex pré-frontal, regiões do cérebro essenciais para o processo da memória, são ricos em receptores de hormônios ativados por estresse e privação do sono. “Para resumir uma vasta e complexa literatura: estresse prolongado e extremo inibe os processos biológicos que dão suporte à memória no cérebro”, diz O’Mara. “Dado nosso conhecimento atual em neurobiologia, é improvável que interrogatórios coercitivos facilitem a liberação de informação verdadeira a partir da memória de longo prazo. Ao contrário, essas técnicas comprometem o tecido cerebral que dá apoio tanto à memória quando ao processo decisório.”

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